Algumas semanas depois dos primeiros casos de COVID-19 no Brasil, observamos uma série de posts nas redes sociais de famílias com diabetes relatando sobre a dificuldade de manterem seus tratamento e até mesmo se alimentarem, devido afastamento ou desemprego gerado pela Pandemia.

O Correndo pelo Diabetes não poderia ficar de braços cruzados. Tínhamos que ajudar aqueles que mais precisavam. Temos como missão “promover a inclusão e a saúde das pessoas com diabetes”, então logo começamos a nos movimentar para entender a melhor forma de ajuda.

Tínhamos que definir aonde atuar e quem ajudar. Infelizmente, não teríamos recursos nem pessoal para ajudar toda a população com diabetes em vulnerabilidade do Brasil. Fizemos a escolha de focar nossos esforços no Rio de Janeiro, afinal o nosso primeiro núcleo regional começou lá.

Definido o local, agora precisávamos decidir como selecionar as famílias que seriam assistidas. Com o suporte da Dra. Rosane Kupfer, presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes – Regional RJ, que topou na hora participar da ação, entramos em contato com os responsáveis pelos principais serviços públicos de diabetes do Rio de Janeiro:

Hospital Pedro Ernesto, Hospital da Lagoa, Instituto Estadual de Diabetes, Endocrinologia Luiz Capriglione (IEDE), Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (Hospital do Fundão) e Polo de Endocrinologia de São João do Meriti. Além de três Associações de Pacientes do Estado: ADIDUC (Amigos do Diabetes de Duque de Caxias), ADIFAT (Associação de Diabéticos e Familiares de Tanguá), ADNIG (Associação de Diabetes de Nova Iguaçu).

Ficou alinhado que os profissionais dos centros e associações acima seriam responsáveis por mapearem as famílias de pessoas com diabetes. Os critérios seriam:

  • Ter diabetes;
  • Fazer uso de insulina;
  • Ser acompanhado exclusivamente pelo SUS;
  • Estar em situação de vulnerabilidade social.

Definido o público e com a captação de dinheiro rolando, surgiu a parte mais difícil que sequer imaginávamos quão complexa era: logística de entrega.

Graças a indicação de uma de nossas atletas, Patrícia Vigário, chegamos na Equipe 15. Uma assessoria de natação em águas abertas, dirigida pelo Roberto Miranda. Quando a Pati contou do projeto, na hora Roberto topou nos ajudar com a logística. Sendo responsável principalmente pela zona Sul da capital.

Acontece que tínhamos famílias espalhadas por toda região metropolitana do Rio de Janeiro, +10 municípios, e uma única pessoa não daria conta de realizar todas as entregas sozinha.

Mapa dos municípios atendidos pela Campanha

Só que para o Dininho realizar as entregas, ele contou com o MEGA trabalho liderado pela Brenda e Paula que traçaram as rotas e fizeram contato com as mais de 300 famílias. Elas tiveram o apoio do Bisan, Ewerton, Jú, Jana e Raquel, que em momentos diferente se revezaram pra fazer todos esses contatos.

Mais tarde, a Vivi, mãe de uma criança com DM e presidente da ADIDUC entrou na parada e nos ajudou nas entregas também.

Para além da doação direta de recursos por meio do Benfeitoria, o CPD realizou várias ações como forma de “bombar” as arrecadações.

A primeira delas foi a produção do vídeo abaixo que contou com a participação de pessoas com diabetes; profissionais de saúde, como os presidentes da SBD e SBD-RJ, Dr. Domingos Malerbi e Dra. Rosane Kupfer, respectivamente; e celebridades como o jornalista Tom Bueno, da Record, e os atores Herson Capri e José Loreto da Rede Globo. A edição sensacional foi obra do nosso designer, Roni Gomes.

Assista ao vídeo:

Além do vídeo, em meados de maio recebemos o inesperado convite do Dr. Rodrigo Siqueira, médico endocrinologista e diretor da Colônia Azul, para realizarmos o 1o evento online beneficente de educação em diabetes do Brasil.

A Colônia Azul, um acampamento para pessoas com diabetes que ocorre presencialmente no interior do RJ, em novembro, aconteceria de formato virtual e todo o valor arrecadado com a venda dos ingressos seria revertido pra Campanha.

Arte de divulgação do evento. Sweet Ilustra

A Campanha estava meio parada, por mais que movimentássemos as redes sociais e os nossos apoiadores divulgassem, isso não estava refletindo em doações. A gente brinca que no CPD “ninguém é normal”, que somos movidos a desafios e quanto mais difícil ele parece ser, mais temos motivação para contrariar as estáticas. Fazemos as coisas acontecerem, mesmo quando elas não saem conforme o planejado.

Com a Campanha contra COVID-19 não poderia ser diferente. O Hugo, nosso ultramaratonista e coordenador dos núcleos de Brasília e Goiânia, teve a ideia de criar a ação “Corre DM contra a COVID”. A cada R$ 100,00 doados, o participante correria 1KM.

Arte de divulgação da ação.

Diz o “ditado” que loucura é melhor quando compartilhada? O cara mobilizou outros 31 corredores de mais de 10 estados diferentes do Brasil a se juntarem a ele. Foi uma experiência incrível em que cada um correu dentro da sua capacidade e SEMPRE respeitando as regras das autoridades sanitárias locais.

Para além dos mais de R$.2.500,00 arrecadados e dos +700 km percorridos, criamos um grupo de pessoas com diabetes, familiares e profissionais de saúde em que o amor pelo esporte e o próximo nos uniu.

Resultados alcançados pelo “Corre DM contra a COVID”.

A Campanha foi um sucesso, talvez não como gostaríamos devido a uma série de questões como a crise econômica que várias famílias tem enfrentado, a “disputa” com várias ações ocorrendo ao mesmo tempo e principalmente, a falta de visibilidade que o diabetes tem no Brasil.

Símbolo dessa falta de mobilização é o baixo interesse da mídia em divulgar nossa campanha, a única com foco específico em ajudar pessoas com diabetes no Brasil. Contamos com o apoio da equipe de assessoria de imprensa da SBD, que entrou em contato com a redação de várias veículos, porém apenas conseguimos duas inserções:

Portal Eu Atleta

Rádio Nacional

A campanha chegou ao fim, mas invisibilidade do diabetes continua assim com as dificuldades de acesso e inclusão daqueles que convivem com a condição. O Correndo pelo Diabetes se compromete a honrar sua missão e lutar por nós.

Obrigado de coração a todos os co-organizadores, parceiros, voluntários; os 113 doadores do Benfeitoria; as 73 pessoas que compraram as camisetas; os 150 que participaram da Colônia Azul Online; os 31 atletas que correram, a Medtronic, Novo Nordisk e Roche que juntas doaram mais de R$ 35.000,00 e a TODO MUNDO que se envolveu de alguma forma ao longo desses meses de muito trabalho.

Levamos um pouco de amor e carinho na forma de alimentos, insumos e materiais de limpeza para mais de 300 famílias.

Como diria Raul Seixas:

“Sonho que se sonha só É só um sonho que se sonha só Mas sonho que se sonha junto é realidade”.

Abraços virtuais,

Bruno Helman
Fundador & CEO Correndo pelo Diabetes

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